quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NO MONTE

Conde de Monsaraz (1852-1913)
http://vates.blogs.sapo.pt/arquivo/672846.html

D. Carlos de Bragança (1863-1908)
O Sobreiro (1905)
Pastel sobre cartão
177 x 91 cm
Palácio Ducal de Vila Viçosa

No monte, o lavrador, cansado da labuta
Do dia que passou, monótono, uniforme
São oito horas, ceou, recolheu-se e já dorme,
Feliz por ver medrar as terras que desfruta.

A lavradora, não; activa e resoluta,
Moireja até mais tarde e descansa conforme
A faina lho consente e a barafunda enorme
De homens e de animais que em derredor se escuta

Mas a filha, que tem vinte anos e que sente,
Nas solidões da herdade, a alma descontente
E o sangue a referver num sonho tresloucado,

Encosta-se à janela; ouvem-se as rãs e os grilos;
E os olhos de azeviche, ardentes e tranquilos,
Ficam-se horas a olhar as sombras do montado...
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